PRIMEIRO SONETO DA PERMANÊNCIA
Esta saudade bate no meu peito
como um vento encrespado de remorsos,
tardes mansas, manhãs iluminadas,
meigos seios nascentes, bicicletas
em torno do jardim. Esta saudade
queima e me embriaga. E bebo mais.
E bebo tudo e já não resta nada
no universo a não ser a embriaguez
desta saudade. E eis que me sinto absinto
e não me encontro em mim. Estarei morto?
Não estou morto: estou é lá, aqui
na distância, no centro deste parque
que gira e gira o mundo. Aí estou
e fico imóvel neste carrossel.
(Ruy Alberto d'Assis Espinheira Filho)
Há 6 anos
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